Coluna Publicada no Portal Diabetes em 22.04.2008
Já escutei alguma vezes (e não foram poucas) a seguinte frase:
– Nossa! Você é diabética, mas não parece. Você não tem “cara de diabética”.
Aí, eu sempre pergunto:
– O que é ter “cara de diabética”?
O interlocutor às vezes fica sem graça. Outras vezes, responde que o diabético é meio amarelo, ou que tem “cara de doente”. De onde as pessoas tiram essas coisas?
Aí você percebe que a falta de informação é a maior doença, mãe do preconceito. É preciso educar. E mostrar que o diabetes pode estar em qualquer rosto. E este rosto pode ser corado, saudável e alegre! Diabetes não tem cor, não tem sexo, não tem idade. Diabetes não tem “cara”.
Por isso, achei o vídeo da campanha da Sociedade Brasileira de Diabetes, intitulado “Sombra”, muito oportuno. Ali, fica claro que o diabetes pode rondar a vida de qualquer um, e o pior, sem que a pessoa ao menos desconfie. Alguns vagos sintomas a acompanham. A pessoa não dá atenção para aquilo e continua na sua rotina “suicida”: sem atividade física, comendo tudo de forma exagerada. Como o diabetes não tem cara e é uma doença silenciosa, quando a pessoa percebe, algumas complicações já se instalaram.
Como diabéticos, podemos assumir o papel de alertar, de informar, de acabar com a ignorância do nosso interlocutor que pensa elogiar quando diz que “você não tem cara de diabético”. Quando ouvir isso, não fique magoado, ou com raiva. Pense que o problema maior é a falta de informação e, pelo menos aquela pessoa, você vai poder ajudar ao explicar o que é o diabetes, e que ele também pode ser “uma vítima” em potencial.
Diabetes não tem cara, mas tem rosto, o meu, o seu, o nosso. E podemos fazer a nossa pequena parte para mudar este cenário.
Gostei muito desse texto! Gostaria de saber se posso inserí-lo no meu spaces, para que meus amigos e as pessoas que me rodeiam percebam que o diabetes “não tem caras”. Sabe, por causa do preconceito, uma pessoa com quem eu estava trocando conversas não quis mais saber. E como a mãe o influencia muito, o mesmo deixou de falar comigo. Fiquei pensado do que talvez ele tenha medo no diabetes. Tudo bem que a mãe e o pai dele não parecem ser pessoas saudáveis (são obesos..rssss). Mas se eles estão achando que são imunes, estão muito enganados. Sabe, conheço pessoas que levaram “foras” depois de abrir o jogo e dizer que são diabéticas. O que será que se passa pela menta da criatura???? Mas como vc mesma disse, é pura falta de informação. Um diabético pode viver muito mais do que uma pessoa denominada “normal”. Afinal, o que é ser normal diante de tanta imperfeição. Se não somos doentes hoje, amanhã poderemos ficar.
Aguardo autorização.
Sem mais,
Karin
Luciana, o texto está maravihoso, parabéns! Estou começando a pesquisar um pouquinho para tentar desenvolver um projeto sobre diabetes e preconceito. Assim como você, sou diabética (há 13 anos) e já escutei muito esse tipo de fala, hoje tento combater o preconceito. Será que eu poderia usar esse texto no meu trabalho?? Obrigada
Claro que sim, Ana! Citando a fonte, pode. Beijos.
sabe o que eu acho mais chato nisso de preconceito, ana? o fato de muitas pessoas acreditarem que ser diabética é – de alguma forma – sua culpa. seja por alguma coisa que você fez demais ou que deixou de fazer…
Obrigada Luciana, citarei com prazer, o texto ficou lindo!
Sério Briza?? Escuto mais sobre as limitações que dizem q temos por conta do diabetes. Como foi isso com vc?? Alguém te disse que a “culpa” era sua??
não diretamente, mas já. é como se você comer direitinho, fizer exercícios e tiver uma vida saldável, não vai estar sujeito a este “mal”. o que não é bem verdade, principalmente, no que diz respeito a DM1… fora isso, teve gente que já me falou: “ahhh, coitada, nunca vai ter saúde na vida” (só que raramente fico doente e, geralmente, não é por causa da diabetes) ou “tão novinha, a bichinha…” ou “briza não pode comer essas coisas” (e nem era doce, hein?) por aí vai.