unidos pelo diabetes

Blogueira Convidada: Fernanda Estessi, mãe da Manu, que inspirou a página Insulinamiga (Face), e mãe da Gi


Fernanda e Manu
Fernanda e Manu

A partir de agora, teremos postagens da Fernanda Estessi, da página do Face “Insulinamiga”, aqui no blog. A Fernanda é publicitária, gerente de projetos, mãe da Manu (diagnosticada DM1 há seis meses), e da super Gi, linda adolescente. Mãe, mulher, profissional, cuidadora, mamãe pâncreas. Direta, sensível, prestativa, prática, organizada. Excelente escritora, consegue traduzir o que as mamães pâncreas sentem. Leiam, opinem, participem! E acompanhem a Fernanda no Facebook >>> http://goo.gl/JCqpKE

POR QUE MESMO SE CUIDAR?

Seis meses de diagnóstico da Manuela me fazem ficar mais certa a cada dia: cuidar de crianças com diabetes é infinitamente mais simples do que ver um adulto diabético cuidando de si próprio.

Engraçado que, até tudo acontecer com a Manu, a impressão que eu tinha era a de que, das pessoas mais próximas a mim, só meu cunhado tinha DM. Mas o tanto de gente que descobri ser DM1 de 180 dias pra cá foi imenso.

Quando você cuida de uma criança, você dorme e acorda pensando no diabetes. Exagero? Muito provavelmente. Mas, se isso é típico de mãe, calcula se não é ainda mais para a mãe de um DM1.

A gente pensa em tudo, faz as dextros com a regularidade necessária (às vezes, até mais do que preciso), conta carboidratos, faz todos os exames com a regularidade necessária e pula de alegria com os resultados da hemoglobina glicada. Cuida de cada refeição e cerca o filho de cuidados, afastando todas as ruins possibilidades que o diabetes pode trazer no futuro.

Mas e o adulto diabético?

Ele vive de uma outra forma. Especialmente, porque ELE É O DONO DE SI MESMO e, na real, parece estar se importando pouco ou quase nada com os sentimentos e aflições de sua mãe, seu pai, sua esposa, seus filhos.

Tenho dois nomes. Um deles, apresentarei com o nome fictício de “João”.

Daniel: 36 anos, DM1 há 20.
Hoje sei a dor da minha sogra quando teve o diagnóstico de um adolescente com diabetes em casa. Meu cunhado nunca se cuidou. Sempre viveu todo errado, comendo tudo o que não devia. Contagem de carboidratos? Nunca ouviu falar, até que sua sobrinha -a minha pequena Manu – fosse diagnosticada, 20 anos depois. As insulinas, aplicadas numa quantidade fixa (sem levar em conta o que comeu ou deixou de comer) estão sendo seguidas das dextros há seis meses. Ele mesmo confessou, no dia do diagnóstico da Manu, que não fazia o monitoramento havia meses.

“João”, 37 anos, DM1 há 14 anos.
Filho de um senhor (já falecido) DM2, João tem diabetes desde os 23 anos de idade. Hoje, casado há mais de 7 anos, preocupa a esposa que o vê totalmente relapso com a doença. Desanimado com a vida e com sua situação, João sente-se sempre muito cansado e só pensa em dormir. Contagem de carboidratos? Há 4 meses ganhou um livreto com todas as orientações. Mas o que significa um livreto desses pra um DM1 que não faz dextro há meses?

O que leva esses dois homens a desistirem, a se entregarem por tantos anos? Cuidar de si mesmo é menos importante do que cuidar de um filho?

Fica aqui um alerta pro Daniel: enquanto vc se cuida de qualquer jeito, vendo a vida escorrer por entre os dedos, sua filha tá aí, louca pra crescer com o pai ao seu lado.

Fica aqui um alerta pro “João”: vc não tem os filhos que a sua esposa tanto quer. Vai fazer o quê com os sonhos dela? Enterrá-los?

E vc, adulto/jovem que chegou até aqui: se a carapuça serviu, desculpe. Mas era com você mesmo que eu estava falando.

19 comentários em “Blogueira Convidada: Fernanda Estessi, mãe da Manu, que inspirou a página Insulinamiga (Face), e mãe da Gi”

  1. Esse post falou profundamente comigo, sou diabético desde os 3 anos e meio de idade, hoje tenho 19. Quando eu era criança minha mãe sempre tratou meticulosamente da minha doença, mas quando eu cheguei no meu período da adolescência, por volta dos 14/15 anos, eu não queria me cuidar mais, tomava insulina só porque sabia que era realmente preciso, fazia os destros porque minha mãe sempre ficava no pé. Atualmente andei passando por uma fase difícil da doença (que nunca passei antes), emagreci bastante e não consigo recuperar meu peso, e tenho consciência de que tudo o que faço com minha saúde é errado: sou relapso com minha alimentação, não prático esporte etc, Pra ser sincero sou viciado em doce, não consigo ficar um dia sem comer, que irônia do destino… um diabético que não consegue ficar sem doce. Estou buscando entrar na linha, enquanto ainda não houve complicações da doença (graças a Deus, disso eu não tenho dúvidas), vou marcar consulta com nutricionista, vou fazer um curso de contagem de carboidratos, e estou certo de que o melhor tratamento para mim seria o uso da bomba de insulina, me traria muito mais qualidade de vida e controle da doença, estou correndo atrás, pois sabemos que é muito caro esse tipo de tratamento aqui no Brasil.
    Eu sei que tenho que ter força de vontade pra mudar essa fase descompensada que estou enfrentando da doença, sei que não será fácil e gostaria que vocês me ajudassem (Luciana e Fernanda),me incentivassem e tals…
    Parabenizo o seu trabalho aqui no blog Luciana, com tanta informação bacana. E acho muito linda as publicações da Fernanda sobre a Manu na página do Facebook. Um grande abraço.
    Felipe.

    1. Chorei.
      Felipe, vc tem o que é o mais necessário, na minha opinião: a CONSCIÊNCIA de que vc tá no caminho errado. E a decisão que vai fazer vc entrar no eixo de novo. Parabéns prá vc. E, quando desanimar, grita que a gente te dá aquele empurrão. Eu me comprometo! Bj, Fernanda.

      1. Tô chorando! rsrsrs Descobri que estou diabética a 1 ano e então é um choro, um cansaço, uma tremedeira, dor nas pernas e me identifiquei muitooo com o Felipe e tem dias que não estou nem aí pra nada e como mesmo com muita alegria, mas depois, os sintomas e sofrimentos são terríveis. No início comecei bem a dieta, exercícios, mas agora tô cansada disso… cansada de tantas restrições! Mas estou tentando e sou mais uma que vou precisar do apoio de vcs! Bjs

      2. Oi, Renata! Entendo você. Às vezes cansa mesmo ser diabética. Não é como um tratamento que vc faz e logo melhora. Não. É um tratamento que exige disciplina, amor próprio, equilíbrio… E é difícil mesmo. O apoio é a melhor coisa. Apoio de quem nos ama, de pessoas como nós, que também vivemos o diabetes. Espero pode ajudar sempre. Beijos.

      3. Obrigado Fernanda pelo apoio, tenho fé que vou conseguir mudar o meu quadro aos poucos. Qualquer coisa que eu precisar vou ir correndo atrás de vocês rs. Beijo!

      4. Obrigado Fernanda pelo apoio, tenho fé que vou conseguir mudar o meu quadro aos poucos. Qualquer coisa que eu precisar vou ir correndo atrás de vocês rs. Beijo! :*

    2. Felipe, também me emocionei muito. E também já tive fases de me cuidar menos, e o texto da Fernanda também bateu forte em mim. Sei que preciso fazer mais, que tenho a obrigação de fazer mais pela minha saúde. Não só por mim, mas pelo meu marido, pelo meu filho, pelos meus sonhos… A Fernanda tem toda razão, o mais importante você tem, que é a Consciência, e, sim, pode contar conosco para aquele empurrãozinho. Gostaria de publicar seu comentário no blog e no Face. Grande abraço.

      1. Com certeza Luciana, eu sei que tenho que fazer isso por mim, pelos meus sonhos, pela minha família que se preocupa muito comigo. Agradeço a sua atenção, e se quiser pode publicar o meu comentário sim, espero que outras pessoas se identifiquem também. Forte abraço!

  2. Renata sei muito bem como é agir assim: comer tudo o que quiser e depois sofrer com as consequências, procuro não exagerar, mas as vezes não dá… é mais forte do que eu. Estou pensando eu passar em um psicologo, pra ver como ele pode me ajudar a passar por situações como essa, acho que seria de grande valia. Abraço.

  3. Faz exatamente 25 anos que sou diabetica, tinha 12 anos quando fui parar no hospital com 800 de açucar no sangue, imagina só, uma criança. Passei por muitas dificuldades na minha adolencencia. Quando completei 20 anos começei a namorar e engravidei sem nenhum cuidado,casei e tive minha filha , por não ter cuidado do diabete ela nasceu com vários problemas de saúde onde veio a falecer com 04 meses de vida. Isso para mim foi um choque, mas aprendi e desde então e começei a ter mais cuidado com esta doença, me tornei amiga dela e ela minha amiga. Hoje graças a Deus e mais controlada, me cuido e tenho um filho de 12 anos. Faço dieta , exercicios, controlo, não fico sem comer, porém sei ate onde posso ir.Adoro ler suas paginas e este site e muito diferente, pois me tá muitas informações e sei que não sou a unica que tenho diabete. Um grande abço.

    1. Oi, Valdirene! Só vi seu comentário hj mas fiquei arrepiada de pensar que, pela falta de controle, você acabou perdendo seu bebezinho. Mas nada com uma outra gravidez e uma nova vida pra enxugar as lágrimas. Fico muito feliz cada vez que vejo alguém virando a mesa e conseguindo mudar o jogo. Bjs!

    2. Oi, Valdirene, também só vi hoje o seu depoimento. Emocione-me. Mostra que na vida sempre pode haver um ponto de virada. Há sofrimento, o caminho não é fácil, mas quanto mais a gente resiste a aceitar, mais difícil fica. Mostra que podemos mudar a nossa visão e a nossa vida. Conto com você sempre por aqui. Beijos.

  4. “…totalmente relapso com a doença. Desanimado com a vida e com sua situação, João sente-se sempre muito cansado e só pensa em dormir. Contagem de carboidratos? Há 4 meses ganhou um livreto com todas as orientações. Mas o que significa um livreto desses pra um DM1 que não faz dextro …”
    No ano passado fui um João. E choro por isso.
    Descobri que sou DM1 a uns dois anos, e no último ano minha vida se complicou mais ainda por causa da doença.
    Me identifiquei muito com o Felipe quando diz “…emagreci bastante e não consigo recuperar meu peso, e tenho consciência de que tudo o que faço com minha saúde é errado: sou relapso com minha alimentação, não prático esporte etc, Pra ser sincero sou viciado em doce, não consigo ficar um dia sem comer, que ironia do destino… um diabético que não consegue ficar sem doce. …” e com a Renata “…tem dias que não estou nem aí pra nada e como mesmo com muita alegria, mas depois, os sintomas e sofrimentos são terríveis. No início comecei bem a dieta, exercícios, mas agora tô cansada disso… cansada de tantas restrições!…”
    Maas depois de passar duas vezes por uma CTI com as taxas de glicose altíssimas, sem falar nas outras complicações (visão, rins, etc…), estou tentando aceitar e começando a me cuidar.
    O blog tem me ajudado muito, incentivado e a cada post me identifico com algo que me emociona e me faz pensar nas pessoas que estão comigo.
    Parabéns pelo trabalho Luciana e Fernanda!
    Continuamos a contar com vocês 🙂

    1. É isso aí Daniela, não estamos sozinho nessa, e temos uma vida toda pela frente. Somos capazes de controlar a doença SIM!!! Desejo muita força de vontade pra você e muita fé em Deus para enfrentar os momentos difíceis. Você não está sozinha!!!! Forte abraço.

    2. E eu também conto com vcs, Dani. Ver a diferença que vocês sentem entre o período que se cuidam e o período que não se cuidam me convence a cada dia que não posso deixar de monitorar e controlar minha pequena. Nunca. Obrigada!

    3. Puxa, Daniela! Obrigada pelo seu depoimento e espero conseguir atualizar sempre. Você nos enriquece com seu depoimento. Este blog chama Viver com Diabetes e não Viver bem com Diabetes, porque tenho consciência absoluta de que não é fácil e respeito o jeito que cada um encara a doença. Só com respeito que a gente consegue mudar alguma coisa. Obrigada por estar por aqui. Beijos.

      1. Como esse blog está sendo importante pra mim pq estou compartilhando com quem sabe o que é isso, assim sou compreendida e estou tentando me conscientizar. Depois de total relapso, ontem consegui fazer a minha dieta. Mas como é dificil!!! Enfim, consegui e estou colocando na minha cabeça como tem que ser as coisas para viver melhor. Desde semana passada estou me sentindo mal, muito cansada, só penso em dormir, dores nas pernas e umas feridinhas aparecendo no corpo. Vcs tb ficam assim?
        Mas queria uma ajuda, onde posso ler sobre Contagem de carboidratos.
        Obrigada! Bjs

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